Cardeal Kevin Farrell assume comando temporário do Vaticano após morte do Papa Francisco

alt abr, 22 2025

Kevin Farrell, o nome à frente do Vaticano após a morte do Papa

A morte de um papa nunca é um momento simples dentro da Igreja Católica. Mas se há algo que esse ritual prova, é o valor da estrutura. Logo após o falecimento do Papa Francisco, às 7h35 da manhã da segunda-feira de Páscoa, 21 de abril de 2025, coube ao cardeal irlandês-americano Kevin Joseph Farrell assumir a função de Camerlengo, se tornando o administrador interino do Vaticano e da Santa Sé. Com seus 77 anos, e experiência tanto em solo irlandês quanto americano, Farrell recebeu essa incumbência diretamente de Francisco em 2019 – sinal de confiança e de responsabilidade para manter o funcionamento da máquina eclesiástica enquanto o mundo católico aguarda a escolha de um novo pontífice.

No momento em que foi confirmada a morte de Francisco, Farrell teve de iniciar protocolos detalhados que a Igreja mantém há séculos. A primeira tarefa foi atestar formalmente o óbito do Papa, na presença da equipe médica do Vaticano e de altos oficiais da Santa Sé. Não se trata só de formalidade burocrática: esse registro garante clareza e impedimento de disputas em um momento delicado. Logo em seguida, o cardeal presidiu um dos gestos mais simbólicos da transição eclesiástica, promovendo o lacre das principais residências papais, como o Palácio Apostólico e a Casa Santa Marta. Essa tradição remonta há séculos e tem uma razão simples e direta: proteger os aposentos e documentos do papa falecido, evitando desvios ou interferências externas nesse período.

O papel do Camerlengo e os bastidores da transição

O papel do Camerlengo e os bastidores da transição

Se engana quem pensa que o Camerlengo tem poder espiritual sobre a Igreja. A função é bem clara: ele administra todas as questões administrativas do Vaticano durante o chamado período de sede vacante. Nesse intervalo, que se inicia imediatamente após a morte do papa, nenhuma decisão de fé significativa ou nomeação pode ser feita. Farrell, então, virou o ponto de equilíbrio, cuidando, por exemplo, das contas do Vaticano, supervisionando a realização de pagamentos, zelando por contratos e gerindo toda a infraestrutura de um Estado que, mesmo pequeno, demanda agilidade e seriedade. É ele que garante salários dos empregados, responde por decisões cotidianas e evita qualquer hiato financeiro ou legal na ausência do papa.

A rotina nesse intervalo segue quase um manual de instruções. A liderança espiritual da Igreja fica em suspenso, enquanto o Colégio de Cardeais é convocado para preparar-se para o conclave, a reunião secreta onde o próximo papa será escolhido. Farrell não interfere nessa escolha, mas sua presença discreta e decisiva impede que qualquer setor da administração entre em colapso ou vire alvo de disputas políticas internas. Ele também cuida dos apartamentos papais, da segurança e dos documentos confidenciais, que permanecem selados até a chegada do novo pontífice.

É curioso como, mesmo em uma instituição tão antiga, há uma preocupação tão fina com detalhes administrativos para evitar vácuos e insegurança. Os católicos do mundo sentem a ausência da figura do papa, mas a engrenagem do Vaticano segue funcionando – e isso só é possível porque a função do Camerlengo vai muito além do que parece. Para quem olha de fora, é como se o chefe do setor administrativo de uma grande empresa tivesse que garantir que tudo ande, independentemente de quem será o próximo CEO. No Vaticano, uma tradição que mistura fé, história e disciplina mantém a estrutura sólida até o novo capítulo do papado ser escrito.