Detalhes das licitações e participantes
A Linha 19 Celeste está sendo dividida em três lotes de construção, cada um submetido a um processo de concorrência pública. No lote 2, que compreende cinco estações entre Jardim Julieta e Vila Maria, a empresa Odebrecht apresentou a proposta mais vantajosa, com valor de R$ 6,7 bilhões. Além das estações, o contrato inclui a construção de poços de ventilação, saídas de emergência e o depósito Vila Sabrina, que será erguido no antigo galpão da Sambaíba próximo às rodovias Dutra e Fernão Dias.
Para o lote 1, que cobre 5,7 km de túneis e cinco estações em Guarulhos (Bosque Maia, Guarulhos‑Centro, Vila Augusta, Dutra e Itapegica), a vencedora foi a chinesa Yellow River. A disputa contou com grandes nomes do setor brasileiro – Agis, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Acciona – mas a proposta chinesa se destacou tanto em preço quanto em prazo. A homologação ainda depende da análise técnica dos documentos, processo que pode levar de um a dois meses.
O terceiro lote, anunciado para 24 de setembro, abrange a extensão de Vila Maria até o centro de São Paulo, incluindo seis poços de ventilação e cinco novas estações: Catumbi, Silva Teles, Cerealista, São Bento e Anhangabaú. O edital prevê critérios rigorosos de sustentabilidade e mitigação de impactos ambientais, exigindo que os concorrentes apresentem estudos detalhados de mobilidade e integração urbana.

Impactos e benefícios esperados
Com 17,6 km de extensão e quinze estações, a Linha 19 Celeste promete transformar a mobilidade regional. Estima‑se que mais de 630 mil usuários utilizem o serviço diariamente, aliviando a pressão sobre rodovias como a Dutra e reduzindo o tempo de deslocamento entre Guarulhos e o centro paulistano em até uma hora.
O traçado passa por bairros densamente povoados e áreas comerciais estratégicas, como a tradicional Feirinha da Madrugada no Pari, o Mercado Municipal e o distrito de comércio atacadista da região. Essa conexão direta ao coração da cidade também deve impulsionar o comércio local, gerar novos empregos e valorizar os imóveis ao longo do corredor.
Um dos grandes diferenciais do projeto é a integração planejada com linhas já operacionais: Linha 1‑Azul, Linha 2‑Verde, Linha 3‑Vermelha e, no futuro, possivelmente a Linha 11‑Coral da CPTM, na estação Cerealista. Essa malha interligada criará rotas de transferência rápidas, possibilitando que passageiros de Guarulhos cheguem a destinos como a Avenida Paulista ou a zona sul sem depender de ônibus ou carros.
Além da função de transporte, a obra está inserida na fase de desapropriação de terrenos, etapa mandatória antes da ruptura das obras civis. As autoridades municipais já iniciaram o processo de negociação com proprietários, buscando minimizar conflitos e garantir a reposição justa dos imóveis afetados.
O avanço dos leilões sinaliza que o cronograma de início das obras pode ser mantido dentro do previsto para 2027, com conclusão parcial estimada para 2032. Caso os prazos sejam cumpridos, a Linha 19 Celeste se tornará um marco de equidade territorial, conectando de forma eficiente um dos maiores aeroportos do país, o Cumbica, ao epicentro financeiro e cultural de São Paulo.